A culpa é das estrelas



Se você costuma acompanhar as últimas notícias a respeito dos próximos lançamentos cinematográficos de 2014, com certeza já deve ter ouvido falar, ou pelo menos ter visto na internet, alguma coisa a respeito do filme “A culpa é das estrelas”, o qual é uma adaptação do livro do escritor John Green - que levou 10 anos para completar a história inspirada em Esther, uma fã de seus livros, que ele conheceu em um hospital infantil e os dois acabaram se tornando grandes amigos.

O livro conta a história de Hazel Grace, uma jovem apaixonada por leitura e que se considera uma grande fã da obra “Uma aflição imperial” (confesso que fiquei terrivelmente desapontada ao descobrir que ela não existe), do escritor fictício Peter Van Houten – que anda no anonimato já a algum tempo e que raramente se comunica com seus leitores através de cartas, algumas delas mandadas por Hazel e que, até então, nunca foram respondidas.

Por ser tímida e não gostar muito da maneira distinta que a maioria das pessoas a tratam por ter câncer, Hazel prefere ficar em casa a ter que sair com seus amigos. Por isso - e após muita insistência de sua mãe, que acha que ela anda muito presa em casa assistindo séries de TV America’s Next Top Model -, a garota resolve ir a um grupo de apoio para tentar socializar. E é lá em que ela acaba conhecendo Augustus Waters. Um ex-jogador de basquete, viciado em videogames e que possui o hábito de colocar cigarros na boca, mas não fumá-los, como uma metáfora de vida.

 “- Eles não matam se você não acender (...) É uma metáfora. Tipo: você coloca a coisa que mata entre os dentes, mas não dá a ela o poder de completar o serviço.”

Assim, à medida que os capítulos vão avançando, a proximidade entre eles vai aumentando. Ambos começam a trocar livros e Hazel apresenta a Augustus “Uma aflição imperial” e, a partir daí, os dois passam a compartilhar da mesma obsessão pelo livro de Peter Van Houten. Entretanto, como nem tudo são flores, a relação do casal enfrenta grandes dificuldades por conta da doença e, por esta já estar em estado terminal, não há muito o que se esperar.

Mas, enfim, em meio a tantos spoilers e tirando o lado depressivo da história que é linda, o que realmente me fascinou nesse livro, além da linguagem mais humorada utilizada pelo autor para abordar o assunto, foi a maneira bem diferente que John retratou a realidade daqueles que tem câncer. Ele mostrou um lado que muitos não conhecem ou não conheciam.

Por exemplo, quando pensamos em alguém que possui uma doença como essa, logo temos, involuntariamente, a impressão de que elas devem ser tratadas de uma maneira mais romantizada, fazendo com que muitas vezes os olhemos com pena, quando na verdade, tudo o que elas querem é ser tratadas como iguais e não como se fossem super-humanos ou algo do tipo.  No livro, Hazel costuma chamar de “privilégios do câncer” algumas preferências que são lhe dadas apenas por possuir a doença, fato que ela ironiza bastante.

 “Senti que todos observavam nossos movimentos, imaginando o que haveria de errado conosco, e se aquilo nos mataria, e como minha mãe deve ser uma heroína e tudo mais. Essa, às vezes, era a pior parte do câncer: a evidência física da doença separa você das outras pessoas.”

Além disso, o escritor retratou fatos, conflitos e dúvidas cotidianas da adolescência, assim como problemas que ocorrem em muitas famílias, mostrando também que aqueles que possuem essa doença ou qualquer outra do tipo, também podem ter senso de humor e serem bastante irônicos.



Inclusive, o título do livro faz referência a obra de Shakespeare chamada “Júlio César” e foi explicado pelo próprio John Green em seu site oficial: “na frase de Shakespeare, “estrelas” significam “destino”. No texto original, o nobre romano Cássio diz a Bruto: 'A culpa, meu caro Bruto, não é de nossas estrelas / Mas de nós mesmos, que consentimos em ser inferiores.' Ou seja, não há nada de errado com o destino; o problema somos nós.  Bem, isso é válido quando estamos falando de Bruto e de Cássio. Mas não quando estamos falando de outras pessoas. Muitas delas sofrem desnecessariamente, não porque fizeram algo de errado nem porque são más ou sei lá o quê, mas porque dão azar. Na verdade, as estrelas têm muita culpa, sim, e eu quis escrever um livro sobre como vivemos num mundo que não é justo, e sobre ser ou não possível viver uma vida plena e significativa mesmo que não se chegue a vivê-la num grande palco, como Cássio e Bruto”.

O livro me fez refletir bastante e chorar por horas sou dramática. Mas é importante ressaltar que ele não se resume apenas a uma concepção de “romance clichê”, como muitos pensam. Ele evidência, sobretudo, que pessoas assim como Hazel também sentem e se expressam como nós - os “saudáveis” - e não devem ser enxergadas apenas como “doentes”.

A estreia nacional da adaptação cinematográfica está marcada para, hoje, dia 5 de Junho UHUUUL \O/ . Caso você tenha se interessado pela história de Hazel e queira assistir ao filme, abaixo está o do trailer legendado: 


Fonte das imagens (respectivamente): DedevicIntrinseca e Cinema10.

3 comments:

  1. Imagine Dragons... Ótima opção de música com inteligência!

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  2. Muito bem escrita essa matéria. Adorei

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  3. Meu Sol é tão bonita e clipe é de uma atmosfera belíssima também. São chego a ser fã da banda, mas reconheço a qualidade deles e gosto bastante, um rock bem alternativo, que em várias canções beira o portunhol com a voz arrastada do vocalista, Estive também me encanta, acho que a primeira que ouvi foi Mi Vida Eres Tu na MTV, depois disso fui pesquisar ehoje tenho os três albúns no computador, pelo menos um terço na playlist do celular e uma vontade:que eles façam show na minha cidade (e que lancem um disco novo).

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