Voláteis

Um dia fui à livraria, pois já havia terminado de ler um livro e estava querendo começar outro. No entanto, dessa vez, eu não procurava mais uma literatura estrangeira, que é o que eu, e creio que a maioria das pessoas, mais leio. Dessa vez eu queria algo novo, diferente. Portanto, fui direto à sessão de literatura brasileira. Estando lá, não busquei por livros conhecidos, dos quais eu já havia sido indicada ou nada do tipo, o meu gosto pelos livros é meio estranho. Na verdade, eu nem gosto muito que as pessoas me indiquem, isso faz com que, de alguma forma, o livro perca o “encanto”. Digo isso porque os livros dos quais eu mais gostei foram exatamente os que eu mesma escolhi, sem a interferência de ninguém.

Realizei, portanto, o meu ritual de sempre. Fui à livraria, olhei os livros, um por um, na sessão brasileira e, de repente, um livro em especial me chamou a atenção. Era um livro do qual eu nunca tinha ouvido falar, muito menos do autor, mas que, de alguma forma, me conquistou. Gostei da imagem da capa, do título e, quando o abri, adorei o modo como ele era dividido. O motivo pelo o qual eu não reconheci o autor foi pelo fato de ele realmente não ser um autor conhecido e, devido a isso, estar no projeto Coleção Fora dos Eixos, que pretende revelar talentos literários fora do eixo Rio-São Paulo.

Nem coitados, nem ignorados

O Brasil é um país que, cada vez mais, trabalha para promover a inclusão social. Entretanto, seus avanços ainda não foram suficientes para alcançar todos; o preconceito dos brasileiros ainda existe e é bastante perceptível; e, além disso, o pior é observar o descaso tanto dos cidadãos, como dos setores - públicos e privados - em relação às diferenças, principalmente as limitações - sejam elas físicas ou psíquicas.

Para algumas pessoas, uma escada pode ser um obstáculo impossível de ser superado sozinho, mas, ainda assim, não vemos rampas o suficiente - e, quando há, muitas vezes são colocadas apenas com o intuito de facilitar o transporte de mercadorias em carrinhos. Casos como esses, que aceitamos como normais, contribuem para o isolamento de pessoas com limitações físicas.

As mudanças do mundo moderno


No dia a dia corrido que temos hoje, cheio de compromissos e afazeres de todos os tipos - que vão da simples tarefa de arrumar o quarto ao término daquele trabalho, não tão simples assim, que o professor passou semana passada -, acabamos adquirindo o hábito, por vezes inconsciente, de poupar tanto tempo quanto for possível, de economizá-lo. Estamos sempre procurando formas mais rápidas para fazer aquelas atividades que podem ser "apressadas".

Em meio a essa correria, acabamos deixando pra trás pequenas coisas, ações banais que para muitos talvez não façam diferença, mas que para outros podem ter um enorme significado. Enquanto estamos ocupados, o tempo vai passando, novas tecnologias vão surgindo, tudo ao nosso redor vai se transformando, adaptando-se aos novos hábitos da sociedade.

Nada acontece do dia para a noite, as mudanças ocorrem gradualmente e mal percebemos. Estamos ocupados demais "vivendo" e, quando nos damos conta, já passou. Ações simples como o ato de ir a uma locadora de filmes, por exemplo, é algo que me fará muita falta caso desapareça por completo. Essa é uma atitude que já vemos com pouca frequência atualmente, daqui a alguns anos talvez não vejamos de fato.

Meia verdade, mentira completa

Charles Foster Kane, dono do maior império jornalístico americano, na primeira metade do século vinte, conseguiu ser vítima da pobreza e da riqueza e ainda sair da vida para entrar na história como um vilão. Tudo isso em uma só vida. Trata-se aqui de uma obra fictícia, o filme Citizen Kane (“Cidadão Kane”, no Brasil), dirigido, escrito e interpretado por Orson Welles, em 1941.

A obra é conhecida principalmente por suas contribuições técnicas, que produziram uma profunda inflexão sobre o curso da linguagem cinematográfica. Muitos a consideram a obra mais importante desde a invenção do cinematógrafo pelos irmãos Lumière. Por outro lado, há um vasto e profícuo conteúdo social e político a ser discutido.

As boas mulheres da China


"Qual é a filosofia das mulheres? O que é a felicidade para uma mulher? O que faz uma boa mulher?"

Foi se fazendo essas três perguntas que Xinran desenvolveu o trabalho que deu origem ao livro "As boas mulheres da China", o qual indico fortemente.

Xinran é uma mulher chinesa, jornalista e escritora crescida durante a Revolução Cultural do seu país. Em uma manhã de 1989, ao chegar na rádio em que trabalhava, recebeu uma carta de um garoto, na qual ele denunciava um caso em que um homem de sessenta anos mantinha presa uma mulher nova - esposa que comprou, provavelmente raptada - presa com uma grossa corrente de ferro para que ela não fugisse dele. A jovem estava prestes a morrer e o garoto pedia a ajuda de Xinran, devido à influência dela. 

A fascinante Sétima Arte

Sou fanática pelo cinema (fato que você já deve ter percebido devido a se tratar de um tema frequente nos meus textos). Os filmes sempre foram uma grande paixão minha, tanto que passo noites e mais noites sem dormir assistindo-os. Há algum tempo comecei a pesquisar mais sobre o assunto - pesquisei sobre a origem e a evolução dessa incrível forma de expressão - e acabei me apaixonando mais ainda.

Tudo começou quando os irmãos Lumiére, no ano de 1895, inventaram o cinematógrafo e ficaram conhecidos historicamente como os fundadores do cinema. Nesse mesmo ano, aconteceu também a primeira sessão de cinema, proporcionada justamente pelo trabalho desses franceses. Seus filmes eram pequenos, com aproximadamente três minutos cada, e dentre esses primeiros filmes a serem exibidos estava A Chegada do Trem na Estação, que mostrava, obviamente, a chegada de um trem a uma estação ferroviária. Reza a lenda que, conforme a locomotiva aproximava-se cada vez mais da câmera, os espectadores começaram a pensar que seriam atropelados pela máquina, correndo alucinadamente para fora das dependências do teatro. Era o início de uma das evoluções mais importantes da Era Pós-Industrial, ainda estranhada pelos olhos virgens da população ignóbil da época - e quando falo ignóbil, me refiro ao sentido tecnológico, não cultural. Nos dias atuais, um simples vídeo de três minutos com um trem chegando à estação pode parecer simplório e ser tachado como besteira, entretanto, imagine-se vivendo no século XIX, época na qual tudo referente à tecnologia era novidade, e me responda como você se sentiria e qual seria sua reação? Provavelmente a mesma do pequeno grupo de telespectadores dessa sessão de cinema.

A arte de Fábio Moon e Gabriel Bá

Minha caminhada como leitor foi grande, passei por várias fases - gibis, mangás, quadrinhos - até finalmente chegar à literatura. E ainda hoje tenho grande apreço por cada uma dessas fases. Portanto, não é segredo, pelo menos para os meus amigos, o fato de eu ser um grande fã de histórias em quadrinhos. Infelizmente, ainda hoje, as histórias em quadrinhos são tidas como uma espécie de "arte menor" por supostamente terem um conteúdo de teor infantil. Todavia, embora poucos tenham conhecimento, nem todos os quadrinhos são sobre crianças aventureiras e heróis superpoderosos, foi na Nona Arte que surgiram diversas obras-primas adultas, como Maus de Art Spiegelman, Persépolis de Marjane Satrapi, 300 de Frank Miller, V de Vingança de Alan Moore e Sandman de Neil Gaiman.

Se no mundo como um todo já há uma desvalorização das HQs, no Brasil esse problema é muito mais agravante. Essa ideia de a Nona Arte ser inferior talvez remeta ao fato de que não há no país a tradição dos quadrinhos voltados para o público jovem e adulto. No Brasil, o que temos são clássicos infantis, como a Turma da Mônica do Maurício de Sousa e o Menino Maluquinho do Ziraldo. Excelentes, sem dúvida, mas pouco atraentes para o público mais maduro.

Êxito

Como poucos devem saber, fui diagnosticado com depressão há alguns meses. Sim, eu, um jovem que "tem toda a vida pela frente" e tem como maior responsabilidade apenas ir para a universidade e tentar não reprovar novamente. Na época da confirmação das suspeitas sobre minha doença - chorar sem motivo aparente é um bom indício - eu ainda não tinha um cônjuge e nem acesso à fórmula da felicidade (Oxalato de Escitalopram, Exodus para os íntimos), ambos componente importantíssimos para o meu tratamento. Mas o ponto em que quero chegar é o da desmitificação da depressão como "frescura".

Depressão é sim uma doença, e uma das que mais causam mortes por todo o mundo, porém ela começou a ser estudada a fundo apenas a partir do início do século XX, ainda que haja registros de ocorrência dela de muito antes, inclusive na época de Hipócrates. Alguns de seus sintomas são humor deprimido, fadiga constante, insônia ou hipersonia, pensamento suicida e diminuição no prazer que se costumava sentir ao realizar certas atividades. A depressão é caracterizada por um desequilíbrio de substâncias químicas no cérebro, como a serotonina, a qual é responsável pela sensação de euforia e controle do apetite e sono. E os remédios antidepressivos costumam atuar exatamente nessas substâncias. Além de ser importante citar que existem diversos tipos de depressão e que os efeitos dos remédios são diferentes para cada organismo.

Frustrações e lamentações

Estudar, estudar e estudar... Isso é o que a maioria das pessoas espera, hoje, de um jovem de 18 anos... Estar em uma boa faculdade e garantir seu futuro... Qualquer pequeno "desvio" é motivo de críticas e lamentações, vindo principalmente dos mais velhos. Receber críticas e lamentações, acontece comigo quase todos os dias, e muitos devem passar pela mesma situação. Então, temos que aprender a conviver com isso, não é? Não! Por que temos que aceitar críticas de pessoas que querem tentar moldar o nosso futuro?!
"Você faz o que você ama, e que se foda o resto."


Fisicamente, larguei a faculdade. Não compareço às aulas desde junho, eu acho. Passei meses em um curso do qual não gostava e muito demorei para - finalmente - decidir tentar algo de novo na minha vida e prestar vestibular mais uma vez. Para quem leu o meu texto anterior, “Escolhas para o seu futuro”, já deve entender a minha história e o meu ponto de vista em relação a provas de vestibular e cursos.

O último dia

Acredito que, no fundo, todo mundo gosta de divagar no tempo. Algumas vezes, músicas dão um "empurrãozinho" e nos levam a lugares que talvez não existam e que nos fazem, de certa forma, viver situações que provavelmente nunca acontecerão. Recentemente, enquanto estava ouvindo música no modo aleatório, a  faixa O último dia, do Paulinho Moska, começou a tocar e me suscitou a seguinte reflexão: o que eu faria do dia de hoje se soubesse que amanhã D̶e̶u̶s̶ ̶i̶r̶i̶a̶ ̶a̶p̶e̶r̶t̶a̶r̶ ̶o̶ ̶b̶o̶t̶ã̶o̶ ̶"̶d̶e̶l̶e̶t̶e̶"̶ ̶d̶o̶ ̶m̶u̶n̶do o mundo iria acabar? 
Consequentemente, passei muito tempo pensando sobre o que eu faria se o mundo acabasse. Inúmeras situações surgiram na minha mente e nenhuma delas - exceto a que eu pensava em manter ao meu lado as pessoas que amo - eu teria coragem de fazer se não tivesse a plena certeza de que o mundo iria acabar amanhã. Creio que muitos de vocês - ou até todos - pensariam também em praticar atitudes ilícitas.  Há tantas coisas que queremos fazer e, por algum motivo, acabamos deixando para outra hora. Há tantas vontades que temos e que, por conta dos valores que a sociedade nos impõe, não são realizadas. E quando pensamos em uma situação em que podemos perder a vida, nada (ou quase nada) mais importa, assim faríamos coisas como aquelas retratadas na música de Paulinho Moska: "abria a porta do hospício", "dinamitava o meu carro", "parava o tráfego e ria" etc.